segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O herbicida atrazina



A agricultura utiliza diversos compostos químicos com o objectivo de funcionarem como pesticidas. A atrazina, nome comum para 2-cloro-4-etilamino-6-isopropilamino-s-triazina (Fig. 1), é um herbicida selectivo utilizado no controlo pré e pós emergência de plantas infestantes de diversas culturas agrícolas, nomeadamente milho, sorgo e  cana de açúcar.
A atrazina é um herbicida da família das s-triazinas na qual se incluem os compostos que apresentam na sua estrutura química um anel aromático hexamérico, simétrico, constituído por três átomos de carbono e três átomos de azoto em posições alternadas. Os herbicidas da família das s-triazinas subdividem-se em três grupos: clorotriazinas, metiltiotriazinas e metoxitriazinas. Esta classificação é feita de acordo com o grupo substituinte da posição 2 do anel que poderá ser um cloro (Cl) (clorotriazinas), um grupo SCH3 (metiltiotriazinas) ou OCH3 (metoxitriazinas). Na molécula da atrazina o grupo substituinte é um Cl, o que leva à inclusão deste herbicida no grupo das clorotriazinas (Fig.1).
atrazina
Fig.1 Estrutura molecular do herbicida atrazina
A atrazina, à semelhança do que se verifica para outras s-triazinas, actua por inibição da fotossíntese, em particular ao nível do fotossistema II, conduzindo ao bloqueio do transporte electrónico. As plantas sensíveis à atrazina sofrem de clorose (amarelecimento das folhas) a qual conduz à necrose dos tecidos. Nas espécies tolerantes à atrazina, como é o caso do milho, o herbicida é eficientemente metabolizado em formas não tóxicas (Prade et al., 1998Link externo).
A atrazina é um composto de síntese química, registado em 1958 pela empresa CIBA-GEIGY. O seu uso intensivo e mobilidade nos solos têm contribuído para que este seja um dos pesticidas mais frequentemente detectados em águas de superfície e subterrâneas, quer na Europa (van Maanen et al., 2001Link externo Cerejeiraet al., 2003Link externo), quer nos Estados Unidos (Boyd, 2000Link externo).
Este herbicida está ainda classificado como um agente tóxico, um desregulador hormonal (Friedmann, 2002Link externo) e um agente carcinogénico da classe C, na qual estão incluídos compostos potencialmente cancerígenos para o homem (Biradar et al., 1995).
A atrazina é um composto regulamentado desde os anos 90, tendo sido establecidos limites máximos para a sua detecção em águas de consumo,3 μg/l nos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency, USEPA) e 0,1 μg/l na União Europeia (Conselho da União Europeia). Na Europa a detecção de atrazina em águas de consumo em níveis superiores aos limites máximos estipulados pelo Conselho da UE, levou a que a utilização deste herbicida fosse proibida em alguns países, como é o caso da França, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Áustria e Itália. Recentemente, em consequência de uma reavaliação dos riscos ecotoxicológicos, o Conselho da União Europeia revogou a autorização das formulações fitofarmacêuticas que contêm atrazina (Directiva 2004/248/CE do Conselho de 10 de Março de 2004). Esta decisão deveu-se ao facto de existir um risco de contaminação das águas subterrâneas com atrazina, e produtos da sua degradação, em concentrações que excedem os 0,1 μg/l. Em quatro Estados-Membros da UE (Portugal, Espanha, Reino Unido e Irlanda), foi concedida uma prerrogativa à directiva comunitária (Directiva 2004/248/CE do Conselho de 10 de Março de 2004), autorizando-se o uso de atrazina até ao final de 2007. Até à referida data a atrazina deverá ser banida do mercado da UE. Em Portugal, de acordo com a pregorrativa concedida à directiva comunitária, a atrazina ainda faz parte da lista de produtos com venda autorizada, sendo comercializada, simples ou em mistura com outros herbicidas, sob várias designações comerciais (PrimextraRS Gold>, GesaprimeRGraminex RA, entre outras) e para aplicação exclusiva em culturas de milho. Também em Portugal a atrazina é um dos pesticidas frequentemente detectados em águas superficiais e subterrâneas de regiões agrícolas.
Referências Bibliográficas
  • [1] Biradar, D.P. e Rayburn, A.L., Chromosomal damage induced by herbicide contamination at concentrations observed in public water supplies, J. Environ. Qual. 24, 1222-1225, 1995.
  • Fonte: Publicado em 18/11/2005  http://www.e-escola.pt/topico.asp?id=377 - visitado em 22/2/2010

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* Integrando a equipe de preparação dos vários Detoxes de Tony Samara - Portugal - 2009
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* Consultor e Árbitro da FDAP - Federação de Desportos Aquáticos do Paraná - Novembro de 2007 a Maio 2008 - Foz do Iguaçu-PR
* Criação do Instituto IDEIAS - Foz do Iguaçu - Outubro de 2007.
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